Olho para fora da janela do ônibus e vejo mares de morro sem fim. Voltando para casa, em um breve feriado com a bolsa cheia de saudade, roupa suja e ansiedade, penso que a inspiração mora ali, em meio àquelas serras intrinsecas a minha vida estudantil.
É estranho pensar nela como algo personificado. Todavia, parece que ela é branca,com os cabelos claros, aparencia jovial e fica ali, espreitando os meus passos, esperando o momento certo para me pedir um afago. E quando finalmente me aproximo, corre feito louca, tal como vento fazendo cocegas no solo arenoso do sertão. Mas não é sertão, é montanha e ali ela se esconde, parecendo até mesmo estátua basaltica plantada na paisagem.
Por que ela tem que ser tão modesta? Como eu queria que ela pudesse vir e sentar ao meu lado ao longo dessa viagem, me ajudar a concluir mais um texto, para que eu pudesse repousar a cabeça e prosseguir com todo meu trabalho atrasado.
Pronto. Ela desapareceu de novo. Minha mente está inundada por c++, fórmulas e integrais. Agora ela parace estar mais distante. Será que tranquei bem a casa? E parece que ela nunca existiu.
Madura e malíciosa, nos momento que ela deveria estar presente, faz de conta que não exite. Quanta raiva! Meu avô gostava de uma antiga expressão "amigo da onça". E assim eu digo "amiga da onça".
Por que ela não aparece de maneira enfática, quando estamos perto de quem gostamos e nos faz pular no pescoço dessas pessoas para que elas se sintam amadas? Por que ela não me faz pegar o telefone e dizer "oi " para os velhos amigos? Por que ? Por que ela não enche meus olhos de brilho quando vou exercer um trabalho que teoricamente deveria ter alegria em fazê-lo? Por que ela não me segura quando quero tanto terminar a leitura de um livro e o sono, literalmente pelo cansaso, me vence? E finalmente por que ela não está quando quero dizer "Você é importante para mim" com a verdadeira energia que a frase merece?
Ouvi uma estória que perguntaram, se não me engano, a Picasso de onde vinha a inspiração para pintar. Ele sabiamente, disse que não sabia, mas que todas as vezes que ela chegava, estava sentado diante de uma tela, com o pincel na mão.
É obvio que a garota dos cabelos claros se esconde, pois todas as vezes que ela insinua me pedir o afago, estou ocupada demais com provas, conversas cotidianas e relatórios. E assim penso que acontece com praticamente todas as pessoas. As tarefas se acumulam e por isso não temos mais tempo para fazer diferença na vida de outras pessoas, para ajudá-las, para estar frente-a-frente com elas pelo breve motivo de estar. Porque estamos preocupados demais em cumprir aquilo que nos foi proposto, obrigados aos formalismos, à norma de estar sempre presente em uma etiqueta chamada sociedade.
É estranho pensar nela como algo personificado. Todavia, parece que ela é branca,com os cabelos claros, aparencia jovial e fica ali, espreitando os meus passos, esperando o momento certo para me pedir um afago. E quando finalmente me aproximo, corre feito louca, tal como vento fazendo cocegas no solo arenoso do sertão. Mas não é sertão, é montanha e ali ela se esconde, parecendo até mesmo estátua basaltica plantada na paisagem.
Por que ela tem que ser tão modesta? Como eu queria que ela pudesse vir e sentar ao meu lado ao longo dessa viagem, me ajudar a concluir mais um texto, para que eu pudesse repousar a cabeça e prosseguir com todo meu trabalho atrasado.
Pronto. Ela desapareceu de novo. Minha mente está inundada por c++, fórmulas e integrais. Agora ela parace estar mais distante. Será que tranquei bem a casa? E parece que ela nunca existiu.
Madura e malíciosa, nos momento que ela deveria estar presente, faz de conta que não exite. Quanta raiva! Meu avô gostava de uma antiga expressão "amigo da onça". E assim eu digo "amiga da onça".
Por que ela não aparece de maneira enfática, quando estamos perto de quem gostamos e nos faz pular no pescoço dessas pessoas para que elas se sintam amadas? Por que ela não me faz pegar o telefone e dizer "oi " para os velhos amigos? Por que ? Por que ela não enche meus olhos de brilho quando vou exercer um trabalho que teoricamente deveria ter alegria em fazê-lo? Por que ela não me segura quando quero tanto terminar a leitura de um livro e o sono, literalmente pelo cansaso, me vence? E finalmente por que ela não está quando quero dizer "Você é importante para mim" com a verdadeira energia que a frase merece?
Ouvi uma estória que perguntaram, se não me engano, a Picasso de onde vinha a inspiração para pintar. Ele sabiamente, disse que não sabia, mas que todas as vezes que ela chegava, estava sentado diante de uma tela, com o pincel na mão.
É obvio que a garota dos cabelos claros se esconde, pois todas as vezes que ela insinua me pedir o afago, estou ocupada demais com provas, conversas cotidianas e relatórios. E assim penso que acontece com praticamente todas as pessoas. As tarefas se acumulam e por isso não temos mais tempo para fazer diferença na vida de outras pessoas, para ajudá-las, para estar frente-a-frente com elas pelo breve motivo de estar. Porque estamos preocupados demais em cumprir aquilo que nos foi proposto, obrigados aos formalismos, à norma de estar sempre presente em uma etiqueta chamada sociedade.
Sabe, Helenize, há muito que não me sentia assim após ler algum texto. Mesmo um último que estava lendo, de autor riberão-pretano, não me tocou tanto quanto todo esse seu lirismo: ´´...vento fazendo cocegas no solo arenoso do sertão´´. Que imagem bonita. Fico imaginando se a escreveu durante a viagem, olhando pela janela e abstraindo. Muita sensibilidade. Pena que, se se é sensitivo, sente-se também coisas erradas, como o tosco convencionalismo social. Bem, como diria aquele nosso ex-professor de Geografia, não viajemos ´´de boa´´, observemos a vida ao nosso redor!
ResponderExcluirps: Assim como o Gigante da pedra da gávea, você criou a Jovem da Mantiqueira ( ou foi da serra do Curral?) hehe
bejão
Bom, que eu adorei esse texto, você já sabe!!
ResponderExcluirE uma das partes que mais gostei foi essa:
"É obvio que a garota dos cabelos claros se esconde, pois todas as vezes que ela insinua me pedir o afago, estou ocupada demais com provas, conversas cotidianas e relatórios."
Realmente este não parece mesmo um bom momento pra que a "garota dos cabelos claros" se aproxime de nós.. Justo ela que pretende ser sentida, e não descrita, analisada, relatada e muito menos calculada... Se é que ela "pretende" alguma coisa, rs..
Vamos ver o que Osho e Clarice Lispector diriam, rs:
"Não verbalize, porque na hora que você verbaliza, você perde o sentimento. Na hora que as palavras chegam, a mente começou a funcionar." (OSHO)
"É curioso como não sei dizer (...) Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo" (CLARICE LISPECTOR)
Portanto, volto ao poema do Drumond, mas agora substituindo o termo "poema" por "a inspiração", ou ainda por "a garota dos cabelos claros":
(...) Calma, se a "garota dos cabelos claros" te provoca, Helenize... Pois ela fez/faz o mesmo com todos os ilustres escritores que conhecemos, rs!